Não sei se caso ou se compro minha bicicleta
Passei todo o final de semana pensando sobre que assunto seria minha crônica. Desde o princípio sabia que não seria uma tarefa nada fácil. Nunca, nesses meus 20 anos de vida havia escrito uma crônica na vida, talvez essa fosse a tarefa mais difícil dos últimos tempos. O final de semana foi mais longo por conta do feriado de segunda-feira, tudo o que vi e passei nesses dias me fez ver com um olhar mais crítico.
No domingo, véspera do feriado resolvi fazer um programa light, e nada melhor que um filminho nessas horas né? Estava em Vila Velha, fomos eu, minha prima e o namorado dela a locadora. Por ironia do destino, quem eu encontro lá dentro? Caê Guimarães. Sim, ele mesmo, o cronista que estou tentando me basear a alguns dias. E foi lá, dentro da locadora mesmo que uma coisa começou a me intrigar.
Ficamos exatos uma hora e quinze minutos para escolher um único filme, quem vê assim até pensa que as opções eram poucas. Eu até liguei para a locadora querendo saber ao certo qual é o números de vídeos que eles possuem no acervo, mas infelizmente o número não pode ser divulgado. Enfim o número exato agora não vem ao caso, o fato é que existem milhares e cada vez mais minha intriga era maior com a tamanha indecisão dos homens.
Generalizo assim porque pude perceber que não era só eu quem perambulava feito uma louca, estavam todos lá na mesma situação minha, inclusive o Caê. Eu até que em alguns momentos deu uma seguidinha nele para ver quais os filmes ele se interessava e lia o script, mas nada, nem assim, isso porque nem tínhamos preferência entre comédia, drama, suspense terror ou romance.
Chega ser engraçado, o que deveria ser uma decisão simples, torna-se uma coisa dolorosa. As pessoas se embaraçam e se atrapalham quando uma decisão se faz necessária. Vão à frente e voltam em suas palavras e ações milhares de vezes. Perguntam a si, perguntam aos outros, andam, empacam e sofrem. A decisão passa a ser um drama.
Caracterizo aquela noite de domingo como um vai e vem desgastante e desnecessário. A indecisão me fez ficar congelada, não ia nem para frente, nem para traz, acontece que o mundo e a própria vida são um processo dinâmico e o que não for decidido em uma ocasião, já era.
Vocês podem pensar que eu estou exagerando né? Mas é a mais pura verdade. A pessoa indecisa não se lança na vida, fica sempre parado esperando se decidir. A estagnação causada pela falta de decisão substitui uma vida dinâmica, criativa e muitas vezes gratificante.
Certas pessoas evitam decidir porque ficam sempre congeladas pelo medo do desconhecido. Passam à vida toda dando passos curtíssimos, evitando ao máximo correr os saudáveis riscos da vida. E foi assim, exatamente assim, com medo de correr riscos que terminamos a noite. Assistimos um filme de 2002 que nós três já havíamos vido por medo de correr risco.